terça-feira, 1 de setembro de 2009

TEMPERAMENTO DESCONTROLADO E CARÁTER DEFORMADO

Texto:- Gênesis 1.26-31

Introdução: O que está acontecendo com o ser humano? Faço esta pergunta em razão da avalanche de informações, noticias divulgadas principalmente pela mídia televisiva, relatando casos de estupros, pedofilia, apropriações indébitas, assassinatos, roubos, furtos, improbidade administrativa e etc.

O que leva um homem, médico renomado, a abusar de suas pacientes dentro de sua clínica de reprodução humana, enquanto adormecidas? O que leva um pai a abusar sexualmente de um bebê de quatro meses de idade? O que leva um religioso a abusar de crianças que o procuram? O que leva um sexagenário administrador público, pai de família, a levar para um motel três adolescentes com idade média de quatorze anos? O que leva um político renomado, a se apropriar do bem público como se fosse sua propriedade particular? O que leva um empresário ou empresária bem sucedido (a) a trilhar o caminho do contrabando? O que leva um assaltante a balear a vítima, matando-a, sem nenhuma reação da mesma?

São inúmeras as situações que poderíamos mencionar aqui com casos específicos e ao final ficarmos nos perguntando: Por quê? Antes de levarmos esta discussão para o campo espiritual, vamos analisarmos os componentes da personalidade humana, para podermos entender bem estas situações criadas pelas pessoas acima citadas.

A personalidade humana é composta do temperamento e do caráter. São elementos distintos como veremos a seguir.

Esta teoria foi desenvolvida por Clonninger, que acreditava ser a personalidade formada por dois componentes, o temperamento e o caráter.

TEMPERAMENTO

O temperamento seria a porção da personalidade herdada, e composto por traços: busca pela novidade, esquiva ao dano, persistência e dependência de gratificação. Tais traços determinam a suceptividade do individuo a processos neuroquimicos específicos gerando emoções e interferindo nos processos de aprendizagem.

Segundo alguns estudiosos da psicologia e da psiquiatria, os temperamentos podem ser divididos em quatro grupos, aceitando uma teoria de Hipócrates (460 a.C.). Os temperamentos segundo esta teoria são os seguintes: Sangüineo, Colérico, Melancólico e Fleumático. O temperamento representado por nós ou reconhecido como “gênio”, está diretamente ligado ao emocional. Pode ser observado nos primeiros anos de vida. Muitas vezes as mães dizem que seu filho é bravo, genioso e nervoso. Notamos que reforçam ainda dizendo: “É nervoso como a mãe ou é como o pai escrito”. É o conjunto de características positivas e negativas com as quais nascemos, ou seja, é uma herança genética. Ninguém escolhe o temperamento com o qual o seu filho ou sua filha nascerá!

O temperamento pode ser lapidado, aperfeiçoado, por meio de disciplina e educação na infância, por meio da prática e doutrinação religiosa.

Entendendo que o temperamento pode ser lapidado, aperfeiçoado e controlado, afirmamos que nem toda atitude do ser humano é devido ao seu temperamento. O colérico pode através da intervenção de Deus, ser perfeitamente controlado e não dar vazão ao seu temperamento explosivo, assim como o sangüíneo que tem quase que as mesmas características do colérico, pode também deixar Deus, através do Espírito Santo, controlá-lo. Pedro, discípulo de Jesus era sangüíneo colérico! Quando foram prender Jesus, para o julgarem e posteriormente o matarem, diz-nos a bíblia que Pedro arrancando da espada cortou a orelha do servo do sumo sacerdote. Ao que lhe advertiu Jesus dizendo: Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada a espada perecerão. (Mateus 26.47-52). Logo após a ressurreição de Jesus, Pedro foi interrogado pelo Mestre a respeito de seu amor por ele. Com as perguntas feitas por Jesus a Pedro, e as respostas dadas por este, fica clara o processo de controle do temperamento pelo qual Pedro estava a submeter-se e que se completaria no Pentecostes, quando surge um novo Pedro: Não o colérico, mas o sangüíneo, líder, e intrépido, que corajosamente enfrenta os judeus, não mais com a espada, mas com a pregação da palavra. Isto é válido para todos os temperamentos. DEUS não muda o nosso temperamento, antes nos ensina a produzirmos os frutos do Espírito, resultado claro da atuação de seu espírito em nós. O apóstolo Paulo escrevendo aos Gálatas diz o seguinte: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.” (Gálatas 5.22-25). Quando Paulo está falando que os que são de Cristo crucificaram a carne, significa dizer que Deus os possui de tal maneira através de Jesus e do Espírito Santo, que os ajuda a vencerem a herança genética má, que todos os homens herdam ao nascer. (Romanos 6.23).

O que vemos nas noticias acima descritas em forma de perguntas, nos mostram que muitas atitudes vem de um temperamento descontrolado, mas nem todas! A boa notícia é que o temperamento pode ser controlado pelo Espírito. Quando o homem reconhece que é pecador e precisa da Salvação que vem de Deus, este passa a controlá-lo, para que possa ser diferenciado dos demais homens.

CARÁTER

O caráter seria a porção aprendida, influenciada pelo temperamento e ao mesmo tempo influenciando-o. O caráter é composto principalmente de conceitos internalizados sobre o mundo e o individuo em si. Também pode ser dividido em traços: auto-direcionamento, auto-transcendencia e cooperatividade.

O caráter no Brasil ou carácter em Portugal, em psicologia é o termo que designa o aspecto da personalidade responsável pela forma habitual e constante de agir peculiar a cada indivíduo; esta qualidade é inerente somente a uma pessoa, pois é o conjunto dos traços particulares, o modo de ser desta; sua índole, sua natureza e temperamento. O conjunto das qualidades, boas ou más, de um indivíduo lhe determinam a conduta e a concepção moral; seu gênio, humor, temperamento, este, sendo resultado de progressiva adaptação constitucional do sujeito às condições ambientais, familiares, pedagógicas e sociais.

Caráter é a soma de hábitos, virtudes e vícios, é a imagem interior de uma pessoa.

Caráter, em sua definição mais simples, resume-se em índole ou firmeza de vontade.

O caráter de uma pessoa pode ser dramático, religioso, especulativo, desafiador, covarde, inconstante. Tais variações podem ser inúmeras.

O caráter sofre as influências pelo meio em que é submetido. É verdade que o ser humano demonstra algum "tipo de caráter" nos primeiros dias de sua vida, mas não passa de uma ilusão, pois o conteúdo que difere as crianças umas das outras é a quantidade de energia. Isto é, as mais agitadas diferem das mais quietas. Certo que a formação do caráter sofre essa influência, mas tal influência fica muito abaixo das influências do meio. Por exemplo, indivíduos muito agitados podem tornarem-se no futuro grandes guerreiros de uma causa, militares entusiásticos e incorruptíveis, militares traidores, políticos corruptos, criminosos sanguinolentos... Assim também como crianças quietas podem ser grandes observadores políticos, cuidadosos militares, líderes que sabem observar seus subordinados (para observar é necessária calma e concentração - mais fácil nas pessoas quietas), pessoas depressivas, agitadas, sem sentimentos, frios criminosos e etc.

São os acontecimentos posteriores, somados com o tipo de pensamento desencadeado no interior da mente e o entendimento sobre si próprio e as suas capacidades, que geram o caráter e os caminhos traçados adiante. Desencadeado pensamentos e ações, onde no começo da vida os acontecimentos no entorno influem nos pensamentos, cria-se uma idéia em mente sobre como que é o mundo e como "sou eu". Tais pensamentos formam o caráter e orientam as escolhas futuras. Contudo é interessante lembrar que quanto mais apoia-se em uma idéia, mas essa vai fixando-se até parecer como "imutável" e algo já "predestinado". Daí pensamentos simplistas crêem que o ser humano nasce com o caráter pronto. São pensamentos esses simplistas e menos elevados que orientaram (e orientam) indivíduos a acreditarem que o criminoso é sempre criminoso, que o burro é sempre imbecíl, o inteligente é e sempre foi inteligente (isto é, não necessitou de fazer esforço), que o forte não se fez forte...

Em fim, o caráter é mutável, mas há de se operar com muita persistência (contra o desânimo inicial das dificuldades e resultados ruins), conhecimento, dedicação, paciência... pois para mudar deve-se agir no âmbito dos pensamentos, e não apenas nas atitudes. Mudando a atitude sem mudar o pensamento, cria-se um diferencial com tendência cada vez maior de união para o lado que já é há muito praticado. Isto é, a atitude inicialmente diferente tenderá a voltar à anterior para se tornar coerente com o pensamento que não saiu do lugar. Daí, o indivíduo deprime-se ou acredita em seu "destino" e "deixa a vida te levar". Por tanto a mudança do caráter passa pela mudança do pensamento - e esse é absoltamente difícil, pois acarreta o abrir mão de vícios, de ter energia crescente para buscar idéias e conhecimentos novos a serem adquiridos e etc. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)

Analisando as perguntas na introdução deste texto, podemos afirmar com clareza que maioria dos casos é resultado de um caráter deformado pelo meio em que vivem. O mundo está debaixo da escravidão de Satanás, e faz exatamente aquilo que ele lhes ensina. Lembre-se que o caráter pode ser aprendido, pode ser moldado por ensinos ou exemplos!

Jesus certa feita teve um debate caloroso com um grupo de pessoas, que eram influentes na sociedade judaica da época; eles eram religiosos e políticos. Disse Jesus a Eles: “Se vós permanecerdes na minha palavra sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão e jamais fomos escravos de alguém; como dizes tu: Sereis livres? Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado. O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo procurais matar-me, porque a minha palavra não está em vós. Eu falo das coisas que vi junto de meu Pai; vós porém, fazeis o que vistes em vosso pai. Então lhe responderam: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão. Mas agora procurais matar-me, a mim que vos tenho falado a verdade que ouvi de Deus; assim não procedeu Abraão. Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe eles: Nós não somos bastardos; temos um pai, que é Deus. Replicou-lhes Jesus: Se Deus fosse, de fato, vosso pai, certamente, me havíeis de amar; porque eu vim de Deus e aqui estou; pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra. Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” (João 8.31-44). Nas palavras de Jesus, podemos observar que o diabo deformou o caráter daqueles homens, pelo ensino, pelos exemplos de má conduta. Coisa própria do diabo!

Ficaria aqui só a impressão que Deus não muda caráter; o homem nasceu assim vai morrer assim! Não! Deus muda o caráter do homem que a ele se submete, aceitando-o como seu Senhor e Salvador na pessoa de Jesus Cristo, seu filho. Jesus disse que “O diabo (ladrão) veio somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (João 10.10).

Jesus chegou um dia na cidade de Jericó, e ali havia um homem que tinha o caráter deformado, seu nome era Zaqueu. Zaqueu era publicano, ou seja, cobrador de impostos do império Romano. Ao longo dos anos que ele tinha desenvolvido a sua atividade pública, ele cobrou impostos, muito acima do que era estipulado pelo império Romano; era prática corrente entre os publicanos, a extorsão, levando-os a se enriquecerem muito. Tal atitude era reprovada pelos judeus, e as pessoas que tinham tais cargos eram odiadas pelo povo que os via como ladrões e traidores da nação. Jesus ao entrar na cidade, observou que Zaqueu tinha subido em uma figueira para vê-lo, pois era de pequena estatura e também temia a reação da multidão que acompanhava Jesus. Jesus parou embaixo daquela árvore, chamou-o pelo nome e disse que queria naquela noite pousar em sua casa. Foi um espanto! Ali estava um homem de caráter deformado, duvidoso, que devia ser excluído da sociedade, e Jesus queria hospedar-se em sua casa? Por qual motivo?

Ah! O motivo! Jesus não somente ensina a controlar o temperamento, mas também muda caráter. Naquela noite, Zaqueu experimentou uma mudança de vida, de atitude, extraordinária dizendo assim para Jesus: “Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais. Então, Jesus lhe disse: Hoje veio salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido.” (Lucas 19.1-10). Por que Zaqueu assim procedeu? Porque estava ali aquele que muda o caráter, fazendo com que o homem volte a ter o caráter de Deus, que é santo. Deus não criou o homem com o temperamento descontrolado nem com o caráter deformado! Deus o criou à sua imagem e “semelhança”. Esta semelhança está relacionada ao campo do temperamento e do caráter, isto é, o campo da moral! Deus é Santo! Isto quer dizer que nele não há absolutamente nenhuma falha moral!

Ele nos criou semelhantes a Ele!

Conclusão: Se todos os personagens citados na pergunta do começo deste artigo, tivessem se submetido a Cristo, entregando suas vidas para serem perdoadas e transformadas pelo sacrifício da cruz, embora no meio estejam religiosos que creio, nunca experimentaram a verdadeira conversão, não teríamos tantas pessoas de expressão e mesmo sem expressão envolvidas com estes crimes horrendos!

Jesus muda tua vida, controlando o teu temperamento e transformando teu caráter. Crês tu nisto?

Pr. Ubirajara Quintino
Igreja Evangélica Presbiteriana Ebenézer
Americana – SP - Agosto de 2009.

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